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Bangladesh is the Economist’s country of the year for 2024

The shortlist also included Poland (featured on 2023’s podium), South Africa, Argentina, and Syria (the runner-up).

Bangladesh has a history of vengeful violence when power changes hands. The main opposition party, the BNP, is venal. Islamic extremism is a threat. Yet the transition has so far been encouraging. A temporary technocratic government, led by Muhammad Yunus, a Nobel peace prizewinner, is backed by students, the army, business and civil society. It has restored order and stabilised the economy. In 2025 it will need to repair ties with India and decide when to hold elections—first ensuring that the courts are neutral and the opposition has time to organise. None of this will be easy. But for toppling a despot and taking strides towards a more liberal government, Bangladesh is our country of the year.

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Como salvar em PDF textos da “Folha” com bloqueio de impressão

O site da Folha de S.Paulo tenta bloquear a impressão – e, consequentemente, a gravação em PDF – de alguns textos. Não sei qual é exatamente o critério, mas percebi essa restrição em artigos de colunistas publicados há mais de um mês.

Hoje, por exemplo, é possível imprimir este texto de 12 de outubro, mas não este de 7 de setembro.

Há uma maneira de imprimir e salvar em PDF artigos com tal restrição:

  1. Visite a página
  2. Abra as ferramentas de desenvolvimento do navegador
  3. Localize a linha <main id="conteudo" class="main u-no-print">
  4. Apague u-no-print

Não recarregue a página. Agora é possível imprimi-la.


O alerta do Brasil às democracias ricas

Publicações estrangeiras que defendem a liberdade de expressão estão atentas aos desmandos autoritários da Justiça brasileira

Em coluna publicada na Folha de S.Paulo, Celso Rocha de Barros disse que um editorial da Economist criticando a suspensão do X no Brasil “tem o mérito de ser uma oportunidade de ouro para uma errata de página inteira”. Mas não apontou um único erro cometido pela publicação. E não entendeu o alerta que o Brasil está dando às democracias mais ricas.

O colunista disse que a revista “não informou seus leitores que a origem do conflito está na recusa de Elon Musk em suspender contas que divulgaram desinformação”. Essa informação, porém, aparece em uma reportagem na mesma edição da revista. A primeira frase do editorial que ele criticou contém um link para a reportagem, que ainda é mencionada no quarto parágrafo.

Barros afirmou também que a Economist “não vai perder tempo aprendendo sobre as democracias do sul global”, insinuando que a publicação desconhece o que ocorre nesses países, embora tenha uma rica cobertura sobre eles. Ele próprio já citou, em tom de aprovação, textos da Economist sobre o Brasil – com críticas a Jair Bolsonaro e ao impeachment de Dilma Rousseff.

A atitude de Barros lembra a de um leitor hiperpartidário, que gosta apenas de textos com os quais ele concorda – geralmente, reforçando as suas crenças, defendendo as ideias e pessoas com as quais ele se identifica e atacando os seus adversários.

Esse leitor não se importa muito com a qualidade do texto, apenas com a sua conclusão. Argumentos, fatos, lógica, retórica e honestidade intelectual ficam em segundo plano. Se ele discorda da conclusão, automaticamente não gosta do texto.

Encontramos leitores hiperpartidários entre aqueles que elogiavam a Folha por sua cobertura do governo de Jair Bolsonaro e agora reclamam porque ela publica reportagens críticas ao governo Lula. Entre aqueles que elogiavam Glenn Greenwald quando ele revelou mensagens comprometedoras de integrantes da Lava Jato e agora reclamam porque ele critica Alexandre de Moraes. Entre os que insultavam Reinaldo Azevedo quando ele atacava duramente o PT e agora o elogiam porque ele defende o partido.

Barros não é hiperpartidário – discorda de muitos petistas e continua a elogiar Greenwald, por exemplo. No entanto, tem agido como tal em relação às decisões de Moraes.

O colunista disse que a Economist “não está mais ouvindo o alerta que estamos dando às democracias mais ricas”. Seu texto não deixou muito claro que alerta seria esse, mas deu a entender que seria sobre “o problema da incitação ao crime e ao extremismo” nas redes sociais. A revista, contudo, já cobriu diversas vezes esse tema, inclusive citando Jair Bolsonaro e seus apoiadores.

A Economist tem ciência dos problemas apontados por Barros, mas acredita que não justifiquem o bloqueio do X – uma decisão desproporcional, que ela considera ser resultado das leis “intervencionistas” do Brasil sobre a liberdade de expressão e de um ministro que “gosta e entende de poder”.

A Economist não está sozinha. Também criticaram as decisões de Moraes, por exemplo, o publisher do New York Times, A.G. Sulzberger, e o Washington Post, que disse que o episódio está se tornando um aviso para as democracias que acreditam que a resposta para discursos problemáticos seja suprimi-los.

As publicações das democracias ricas mostram que estão, sim, ouvindo um alerta do Brasil: o de como uma Justiça autoritária pode ser prejudicial à liberdade de expressão e à democracia.


Greece is the Economist’s country of the year for 2023

Brazil and Poland also reached the podium:

But after years of painful restructuring, Greece topped our annual ranking of rich-world economies in 2023. Its centre-right government was re-elected in June. Its foreign policy is pro-America, pro-eu and wary of Russia. Greece shows that from the verge of collapse it is possible to enact tough, sensible economic reforms, rebuild the social contract, exhibit restrained patriotism—and still win elections. With half the world due to vote in 2024, democrats everywhere should pay heed.

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And, well, maybe I should update this blog more frequently.


Ukraine is the Economist’s country of the year for 2022

And it was an easy choice:

In normal times, picking The Economist’s country of the year is hard. Our writers and editors usually begin with a freewheeling debate in which they spar over the rival claims of half a dozen shortlisted nations. But this year, for the first time since we started naming countries of the year in 2013, the choice is obvious. It can only be Ukraine.

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What is Linus Torvalds’s MacBook model?

Linux 5.19 is out, and Linus Torvalds did the release on an “arm64 laptop” from Apple.

On a personal note, the most interesting part here is that I did the release (and am writing this) on an arm64 laptop. It’s something I’ve been waiting for for a _loong_ time, and it’s finally reality, thanks to the Asahi team. We’ve had arm64 hardware around running Linux for a long time, but none of it has really been usable as a development platform until now.

It’s the third time I’m using Apple hardware for Linux development – I did it many years ago for powerpc development on a ppc970 machine. And then a decade+ ago when the Macbook Air was the only real thin-and-lite around. And now as an arm64 platform.

Not that I’ve used it for any real work, I literally have only been doing test builds and boots and now the actual release tagging. But I’m trying to make sure that the next time I travel, I can travel with this as a laptop and finally dogfooding the arm64 side too

Although Torvalds doesn’t mention the model, the Asahi Linux team says it’s an M2 MacBook Air. But I’ve seen some saying it could be an M1 model. And it could even be a MacBook Pro – which would be a surprise, since he seems to value portability.

So I asked Torvalds, and he confirmed: it’s a MacBook Air with M2 chip, 16GB RAM, and 512GB SSD, “Space Gray”.


A imprensa e a origem do coronavírus

Mídia errou ao promover falso consenso científico contra possível escape laboratorial

O coronavírus causador da Covid-19 veio de um animal ou de um laboratório? Esse foi um dos debates científicos mais acalorados de 2021. Pesquisadores ainda procuram uma resposta para essa questão, mas, durante um bom tempo, a imprensa tratou-a como encerrada, promovendo um consenso que não existia.

Até meados do ano, muitos jornais levavam a sério apenas uma explicação para a origem do vírus: ele teria sido transmitido por um animal. Outras hipóteses eram chamadas de teorias da conspiração ou “história fantasiosa”, como escreveu a agência de checagem Lupa. Um texto do Globo afirmou que “o vírus não foi criado em laboratório” e que a tese do escape laboratorial interessa “a quem não quer controle sobre o desmatamento, sobre o tráfico de animais, sobre a caça” (?).

Depois, o discurso mudou. A Folha, por exemplo, cobriu o assunto com sobriedade em reportagens, colunas e editorial. O Fantástico, da TV Globo, ouviu vários pesquisadores que não descartam a hipótese do escape laboratorial. Em outros países – principalmente nos Estados Unidos – a reviravolta foi ainda maior.

Por que a imprensa errou tanto antes?

Para começar, faltou o velho e bom ceticismo. Muitas reportagens usaram como referência o estudo “The proximal origin of SARS-CoV-2”, de Kristian G. Andersen et al., publicado na Nature Medicine em março do ano passado,1 que dizia mostrar “claramente que o SARS-CoV-2 não é uma construção de laboratório ou um vírus propositalmente manipulado”.

Veículos limitaram-se a propagandear o artigo, e alguns foram até mais longe. “Estudo desmente teoria conspiratória”, disse o Estadão em um texto de checagem de fatos. “Os boatos de que o vírus foi manipulado pela China não passam de uma mentira. E a ciência prova”, publicou a Superinteressante.

Uma leitura atenta evitaria essas conclusões equivocadas. Diz o estudo (grifos meus):

In theory, it is possible that SARS-CoV-2 acquired RBD mutations […] during adaptation to passage in cell culture, as has been observed in studies of SARS-CoV.

[…]

Although the evidence shows that SARS-CoV-2 is not a purposefully manipulated virus, it is currently impossible to prove or disprove the other theories of its origin described here. However, since we observed all notable SARS-CoV-2 features, including the optimized RBD and polybasic cleavage site, in related coronaviruses in nature, we do not believe that any type of laboratory-based scenario is plausible.

More scientific data could swing the balance of evidence to favor one hypothesis over another.

Apesar da forte crença dos autores na origem natural do vírus, eles não descartavam a possibilidade de ele ter saído de um laboratório. (Essa posição foi posteriormente confirmada por Andersen.)

Dois meses depois, na Immunity, Rachel L. Graham e Ralph S. Baric (este, um dos mais conhecidos pesquisadores de coronavírus) elogiaram o trabalho de Andersen et al., mas advertiram: “Transparência e investigação científica aberta serão essenciais para resolver esta discussão, observando que atualmente a evidência forense de escape natural é deficiente, e outras explicações permanecem razoáveis”.

Pelo visto, os jornalistas discordavam.

Outro problema foi a ânsia de mostrar que Donald Trump e seus seguidores estavam errados, como neste texto creditado à Reuters e publicado na Folha:

O presidente Donald Trump se referiu ao patógeno por diversas vezes como “vírus chinês” e o governo americano ajudou a divulgar uma teoria conspiratória —já desmentida por estudos científicos independentes— segundo a qual o coronavírus teria “escapado” de um laboratório de biossegurança em Wuhan.

Há diversas hipóteses sobre a origem laboratorial, e algumas de fato soam conspiratórias – por exemplo, a ideia de que o vírus seria uma arma biológica. Outras, como um vazamento acidental, são mais razoáveis – talvez menos prováveis que as hipóteses de origem animal, mas longe de serem impossíveis. Toda essa nuance se perdeu na mídia, contaminada pelas declarações de Trump.

Até por isso, nos EUA a coisa foi bem pior. Veículos como o Washington Post e o site Vox reconheceram erros e reescreveram textos. O Facebook e o Instagram censuraram publicações de usuários. A agência PolitiFact anulou um de seus artigos de checagem de fatos.

Nesse ambiente, cientistas que não descartavam a hipótese da origem laboratorial sentiram-se pressionados a evitar o assunto. Quem ousava dizer que o escape laboratorial era plausível colocava a sua imagem e a sua carreira em risco.

Ainda hoje, muitos preferem não se manifestar sobre esse e outros assuntos polêmicos, principalmente quando sua posição difere da adotada pela imprensa. Mesmo opiniões cuidadosas e nuançadas tendem a ser evitadas, pois são facilmente distorcidas ou mal compreendidas pela mídia e pelo público.

Isso complica ainda mais o trabalho dos jornais, que muitas vezes se guiam por manifestações públicas – principalmente em redes sociais – para descobrir o “consenso” entre especialistas. O resultado pode ser desastroso: o anúncio de um falso consenso, que existe apenas entre personalidades conhecidas por jornalistas. Algumas chegam a ganhar status de autoridade na mídia – suas opiniões viram a “voz da ciência”, e os que delas discordam são estigmatizados.

Disse Jonathan Chait na New York:

But Twitter is the milieu in which the opinions of elite reporters take shape. And very often it is a petri dish of tribalism and confirmation bias. This dynamic is why conservative media is virtually devoid of serious journalism and overrun with propaganda. The idiotic conformity of the right’s pseudo-journalistic apparatus should inspire horror, not complacency or (worse still) envy. If progressive and mainstream media wish to avoid following this path, the lab-leak fiasco should be a case study.

Para evitar essa armadilha, os jornalistas devem fazer mais do básico: apurar bem. Isso inclui buscar também especialistas fora das redes sociais.2 O Twitter não representa a diversidade da comunidade científica. Redes sociais e academia funcionam de maneira distinta, com diferentes incentivos (até por isso, muitas pessoas com bastante audiência nas primeiras não têm muita relevância na segunda).3

A imprensa passou a aceitar a hipótese do escape laboratorial só depois da saída de Trump da presidência, da publicação de textos de autores e cientistas de renome e de uma declaração do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde.4 Não precisaria ter esperado tudo isso se tivesse trabalhado com esmero desde o começo. A velha desculpa de que “a evidência mudou” não cabe nesse caso – nunca houve evidência forte o suficiente para decretar a origem natural como comprovada.

Exageros a favor do outro lado também são possíveis, até porque a hipótese da origem laboratorial contém detalhes muito palatáveis à narrativa jornalística – como mostram, por exemplo, as fascinantes reportagens do Wall Street Journal, da Newsweek e da Vanity Fair sobre o tema.

É difícil encontrar o equilíbrio.

Não se trata de cobrar tratamento igual a diferentes hipóteses – o que poderia resultar em uma falsa equivalência –, mas tratamento mais preciso, que represente bem o que a ciência tem a dizer. Não raro, isso inclui diferentes hipóteses com diferentes probabilidades – e, nesses casos, a imprensa deve mostrar que a hipótese mais provável não é a única possível ou correta, e que as menos prováveis não são necessariamente impossíveis ou falsas.

É necessário aprender a lidar com a incerteza. Angie Drobnic Holan, editora-chefe da PolitiFact, escreveu:

We [journalists, doctors, scientists, and fact-checkers] all face the temptation to write and speak with authority, even when we know in our hearts that our knowledge is human and therefore limited. Using words that say this is the best we know now, and that circumstances may change, is one of the most powerful ways of conveying this.

Journalists and fact-checkers have professional obligations to be as honest with the public as possible, but we do the public a disservice when we give them the feeling that we have all the answers.

It is not in our nature to appreciate uncertainty. It makes most of us queasy and uncomfortable. But it’s clearly part of the learning process, and it’s something we really can’t avoid. Of all the lessons we’ve learned from COVID-19, getting comfortable with the uncertainty is one of the healthiest responses.

Além de desinformar, coberturas desastradas como a aqui discutida aumentam a desconfiança do público e fazem a festa dos reais propagadores de teorias conspiratórias. “Quem garante que, agora, o que a imprensa chama de mentira é mesmo mentira?”

Infelizmente, talvez aos leitores reste mesmo desconfiar, especialmente de reportagens que transmitem uma ideia de certeza – com alusões a supostos consensos e a estudos que “provam” algo – ou que incluem citações em uníssono dos mesmos especialistas de sempre, populares nas redes sociais.

Cabe dizer ainda que uma eventual confirmação da origem natural do vírus não atenuaria os erros aqui descritos. O mesmo vale, por exemplo, para a reportagem da Folha sobre os dados de vacinas vencidas – a confirmação de que algumas delas realmente estavam vencidas não repara o erro do jornal.

Um trabalho cuidadoso beneficiaria a todos. A imprensa não continuaria a perder tanta credibilidade. A comunidade científica teria um ambiente mais saudável para debates. E a sociedade seria mais bem servida por ambas.


  1.   O estudo foi publicado na seção “Correspondence” da revista.

  2.   Em “A imprensa e a hidroxicloroquina”, citei Nicholas White, grande pesquisador e conhecedor da droga. Muitos jornalistas e “divulgadores científicos” o desconheciam. Ele não tem perfil no Twitter.

  3.   Além de Jonathan Chait, comentaristas como Zeynep Tufekci e Matthew Yglesias abordaram bem a relação entre a imprensa e o Twitter.

  4.   Destaque para os textos de Nicholas Wade (“Origin of Covid — Following the Clues”) e Donald G. McNeil Jr. (“How I Learned to Stop Worrying And Love the Lab-Leak Theory”) em maio no Medium e o de Nicholson Baker (“The Lab-Leak Hypothesis”) em janeiro na New York. Eli Vieira traduziu o artigo de Wade na Gazeta do Povo.


Referências

Veículos jornalísticos

  1. Agence France-Presse. “Em resposta aos EUA, laboratório de Wuhan nega ser fonte de novo coronavírus”. Folha de S.Paulo, 19 de abril de 2020.

  2. Agencia EFE. “OMS desmente teoria da conspiração de que o coronavírus saiu de laboratório”. O Estado de S. Paulo, 21 de abril de 2020.

  3. Para um terço dos americanos, coronavírus foi criado em laboratório, diz pesquisa”. O Globo, 14 de abril de 2020.

  4. Maurício Moraes. “Na web, teorias da conspiração apontam China e EUA como criadores da Covid-19”. Agência Lupa, 4 de agosto de 2020.

  5. Ana Lucia Azevedo. “Natural ou vazado de um laboratório: entenda a polêmica científica sobre a origem da Covid-19”. O Globo, 29 de maio de 2021.

  6. Ana Bottallo, Everton Lopes Batista. “Lacuna sobre origem do coronavírus preocupa mas pode demorar para ser preenchida”. Folha de S.Paulo, 12 de junho de 2021.

  7. Reinaldo José Lopes. “Origem do coronavírus em laboratório não pode ser descartada, mas fonte natural é mais provável”. Folha de S.Paulo, 29 de maio de 2021.

  8. A origem do vírus”. Editorial. Folha de S.Paulo, 31 de maio de 2021.

  9. Álvaro Pereira Júnior. “Cientistas investigam hipóteses sobre a origem do coronavírus; entenda”. Fantástico, 6 de junho de 2021.

  10. Álvaro Pereira Júnior. “Polêmica sobre origem da Covid esquenta após imagens de morcegos no que seria laboratório de Wuhan”. Fantástico, 20 de junho de 2021.

  11. Ana Carolina Amaral. “Coronavírus tem origem natural e não foi feito em laboratório, mostra estudo”. Folha de S.Paulo, 18 de março de 2020.

  12. Alessandra Monnerat. “Coronavírus: estudo desmente teoria conspiratória sobre criação em laboratório da China”. O Estado de S. Paulo, 19 de março de 2020.

  13. Carolina Fioratti. “Sim, o coronavírus veio da natureza – e não de um laboratório”. Superinteressante, 19 de março de 2020.

  14. James Gorman, Carl Zimmer. “Scientist Opens Up About His Early Email to Fauci on Virus Origins”. The New York Times, 14 de junho de 2021.

  15. Marcelo Leite. “Ninguém provou que Trump e Bolsonaro erraram origem do Sars-CoV-2”. Folha de S.Paulo, 8 de maio de 2021.

  16. Marcelo Coelho. “Biden e a Madame Morcego reavivam o que seriam fake news da origem da Covid”. Folha de S.Paulo, 1º de junho de 2021.

  17. Reuters. “China prende jornalista australiana sem divulgar acusação formal”. Folha de S.Paulo, 1º de setembro de 2020.

  18. Paulina Firozi. “Tom Cotton keeps repeating a coronavirus fringe theory that scientists have disputed”. The Washington Post, 17 de fevereiro de 2020.

  19. Eliza Barclay. “The conspiracy theories about the origins of the coronavirus, debunked”. Vox, 4 de março de 2020.

  20. Daniel Funke. “Tucker Carlson guest airs debunked conspiracy theory that COVID-19 was created in a lab”. PolitiFact, 16 de setembro de 2020.

  21. Carl Zimmer, James Gorman, Benjamin Mueller. “Scientists Don’t Want to Ignore the ‘Lab Leak’ Theory, Despite No New Evidence”. The New York Times, 27 de maio de 2021.

  22. Jonathan Chait. “How Twitter Cultivated the Media’s Lab-Leak Fiasco”. New York, 26 de maio de 2021.

  23. Jeremy Page, Betsy McKay, Drew Hinshaw. “The Wuhan Lab Leak Question: A Disused Chinese Mine Takes Center Stage”. The Wall Street Journal, 24 de maio de 2021.

  24. Rowan Jacobsen. “Exclusive: How Amateur Sleuths Broke the Wuhan Lab Story and Embarrassed the Media”. Newsweek, 2 de junho de 2021.

  25. Katherine Eban. “The Lab-Leak Theory: Inside the Fight to Uncover COVID-19’s Origins”. Vanity Fair, 3 de junho de 2021.

  26. Angie Drobnic Holan. “Can scientific uncertainties about COVID-19 be fact-checked?”. Poynter, 28 de maio de 2021.

  27. Estêvão Gamba, Sabine Righetti. “Milhares no Brasil tomaram vacina vencida contra Covid; veja se você é um deles”. Folha de S.Paulo, 2 de julho de 2021.

  28. Nicholson Baker. “The Lab-Leak Hypothesis”. New York, 4 de janeiro de 2021.

Periódicos acadêmicos

  1. Michael Worobey. “Dissecting the early COVID-19 cases in Wuhan”. Science, 18 de novembro de 2021.

  2. Kristian G. Andersen et al. “The proximal origin of SARS-CoV-2”. Nature Medicine, 17 de março de 2020.

  3. Rachel L. Graham, Ralph S. Baric. “SARS-CoV-2: Combating Coronavirus Emergence”. Immunity, 8 de maio de 2020.

  4. Edward C. Holmes et al. “The origins of SARS-CoV-2: A critical review”. Cell, 18 de agosto de 2021.

  5. Jesse D. Bloom et al. “Investigate the origins of COVID-19”. Science, 14 de maio de 2021.

Outros

  1. A imprensa e a hidroxicloroquina”. Nota Bene, 29 de dezembro de 2020.

  2. Guy Rosen. “An Update on Our Work to Keep People Informed and Limit Misinformation About COVID-19”. Facebook, 16 de abril de 2020.

  3. WHO calls for further studies, data on origin of SARS-CoV-2 virus, reiterates that all hypotheses remain open”. World Health Organization, 30 de março de 2021.

  4. A miséria da crítica jornalística”. Nota Bene, 17 de fevereiro de 2021.

  5. Zeynep Tufekci. “How the Twitter/Media Feedback Loop Can Work to Undermine Our Understanding”. Insight, 27 de maio de 2021.

  6. Matthew Yglesias. “The media’s lab leak fiasco”. Slow Boring, 26 de maio de 2021.

  7. Nicholas Wade. “Origin of Covid — Following the Clues”. Medium, 2 de maio de 2021.

  8. Donald G. McNeil Jr. “How I Learned to Stop Worrying And Love the Lab-Leak Theory”. Medium, 17 de maio de 2021.


The fleas in Yuval Noah Harari’s ‘Sapiens’

Many scholars know that Sapiens: A Brief History of Humankind is full of errors and inaccuracies, but from time to time I stumble upon smart people – academics, researchers, public intellectuals – praising the book. They should read some reviews first.

Actually, one may be enough. Charles C. Mann did a great job exposing some of the problems in the book in 2015, for the Wall Street Journal.

Nobody can be an expert about everything, and it’s not exactly surprising that Mr. Harari’s sweeping summations are studded with errors—there are always fleas on the lion, as a teacher of mine once told me. The question is whether there is a lion under the fleas. “Sapiens” is learned, thought-provoking and crisply written. It has plenty of confidence and swagger. But some of its fleas are awfully big.

[…]

There’s a whiff of dorm-room bull sessions about the author’s stimulating but often unsourced assertions. Or perhaps I should use a more contemporary simile: “Sapiens” reminded me occasionally of a discussions on Reddit, where users sound off about supposed iron laws of history. This book is what these Reddit threads would be like if they were written not by adolescent autodidacts but by learned academics with impish senses of humor. As I write, my daughter is glumly making flashcards full of names and dates for an AP Euro exam. I bet she wishes she had a textbook like “Sapiens.” Me? I’m not so sure. I like the book’s verve and pop but wish it didn’t have all those fleas.

His examples are great.

There is more here, from Max Roser (Twitter, Our World in Data):

A good example how ‘Sapiens’ works.

Harari makes his readers believe that a 20-year life expectancy for 45-year-olds means that foragers enjoyed good health.

In fact that suggests worse health than England in 1850 (when health there was by any standard absolutely miserable).

And:

Some popular books suggest that hunter-gatherers were healthy.

This historical study finds that 49% of children in the studied hunter-gatherer societies died during childhood:
https://sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1090513812001237

Is there competing evidence that suggests that the popular books are right?

Paul Graham:

The idea that hunter-gatherers lived wonderful lives and that we got cheated when we switched to agriculture is one of the dumbest ideas believed by smart people. I opened Sapiens, saw that, and immediately put it down.


Branko Milanovic on the boring lives of social scientists

In 2019, on his blog:

Recently I read, rather by accident than design, short lives of several contemporary economists. What struck me was their bareness. The lives sounded like CVs. Actually, there was hardly any difference between their CVs and their lives (to the extent that I could tell).

[…]

Can you have a boring life and be a first-rate social scientist? To some extent, probably yes. […] But I think it is unlikely: because it in human nature, however smart we may be, to understand certain things or to look at different and new aspects of an issue, only when we face the problem ourselves.

[…]

Orderly and boring lives are a privilege of rich and orderly societies. We all (perhaps except when we are 25) wish to lead such lives. But they are also very limited lives: the range of emotions and choices that we experience is narrow.

[…]

But if our life is a CV, can we understand human choices and human nature—a precondition for being a great social scientist? By asking that question, are we not asking whether well-behaved individuals in orderly and rich societies can really produce breakthroughs in social sciences. Or will their lessons remain circumscribed to orderly and rich societies only and to orderly and boring people, and not carry over to the rest of the world?


E se ajudarmos os sommeliers de vacina?

Puni-los com o fim da fila prejudica também a sociedade; é melhor deixá-los agir ou talvez até ajudá-los

Cidades brasileiras têm adotado medidas contra os chamados “sommeliers de vacina” – quem escolhe ou rejeita imunizantes de laboratórios específicos. Tais ações podem ser danosas para a sociedade. Deixá-los agir ou até mesmo ajudá-los pode ser melhor do que puni-los.

O castigo mais comum é o envio ao fim da fila: a pessoa que se recusa a receber a vacina oferecida no posto precisa aguardar semanas ou meses até ter uma nova oportunidade de se vacinar – e nada garante que ela conseguirá o imunizante desejado.

A ideia é incentivar a população a aceitar a vacina disponível, independentemente da marca. Espera-se que as pessoas prefiram isso a continuar sem vacina por mais tempo.

Mas essas medidas parecem menosprezar o impacto dos que preferem a punição – os sommeliers mais convictos, com forte preferência ou rejeição à vacina de um determinado laboratório. Ao irem para o fim da fila, eles prejudicam não apenas a si próprios, mas toda a sociedade, que fica com um número maior de pessoas não vacinadas por um período mais longo. É o que tem ocorrido em algumas cidades – em São Paulo, já são mais de 2 mil.

Em comparação, os sommeliers em lugares sem punição buscam incessantemente a marca desejada e logo se vacinam – se não no mesmo dia, provavelmente na mesma semana. Sim, até encontrar o imunizante, eles podem atrapalhar – ocupam lugar em filas, tomam o tempo de profissionais nos postos etc. –, mas menos do que os punidos com o fim da fila, que circulam não vacinados por muito mais tempo.

Se a prioridade é vacinar o maior número de pessoas no período mais curto possível, as medidas contra os sommeliers não ajudam – pelo contrário, podem ser danosas para a sociedade. Políticas de saúde não devem ser guiadas por populismo punitivista (que já faz um grande estrago na segurança pública).

O que fazer, então? Talvez o melhor seja simplesmente nada – deixar os sommeliers agirem. Afinal, não há evidência de que eles estejam causando muitos problemas.

Outra ideia, mais controversa, é ajudá-los. Se a sociedade se prejudica ao puni-los, talvez se beneficie ao ajudá-los.

As prefeituras poderiam, por exemplo, divulgar (em sites, cartazes etc.) as vacinas disponíveis em cada posto, tornando públicas informações que já circulam em sites e grupos de WhatsApp e Telegram. (A Prefeitura de São Paulo faz isso para a segunda dose; poderia fazer também para a primeira.) Com isso, os sommeliers deixariam de atrapalhar e tomariam logo a vacina, e teríamos mais vacinados em menos tempo.

Quem tem um motivo mais “legítimo” para escolher uma vacina específica – gravidez, amamentação, condições médicas, viagens importantes – poderia achá-la com facilidade e não passaria pelo constrangimento de ver sua necessidade confundida com reles capricho. E quem não tem preferência por marca alguma poderia se beneficiar de filas menores em postos preteridos pelos sommeliers.

Claro, nem tudo são flores. Essa ideia aumenta a complexidade do sistema e também pode dar errado.

Ela poderia transmitir a equivocada mensagem de que não há problema em escolher, estimulando pessoas sem forte preferência, normalmente indiferentes à marca da vacina, a virar sommelier.

Postos com as vacinas mais procuradas poderiam ter filas muito longas. E um possível acúmulo das menos desejadas poderia levar ao vencimento de doses.

Por outro lado, é possível que o aumento no número de sommeliers seja mínimo, que um sistema de senhas ou agendamento amenize filas mais longas e que as vacinas não cheguem a vencer (a oferta é insuficiente).

Aparentemente, não temos dados o suficiente para saber se essa ideia daria certo. Experimentá-la por um tempo pode gerar alguma evidência a nortear o melhor caminho a seguir.

Quem defende a vacinação diz que, geralmente, é melhor prevenir do que remediar. Ajudar os sommeliers pode prevenir a sociedade dos males causados por eles.