No Estadão:
Suas promessas são simpáticas, mas por enquanto são promessas incumpríveis.
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Boulos promete que seu primeiro ato será instituir uma renda básica imediata – talvez de R$ 350. Mas nenhum prefeito pode fazer isso por simples decreto: esse aumento de gastos precisa ser autorizado por lei e passar pelo Legislativo.
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A campanha admite não saber quanto custa a promessa do passe livre, que é importante para os desempregados. Os opositores de Boulos afirmam que o passe livre e a renda básica custarão cerca de R$ 25 bilhões por ano. Significaria achar orçamento na cidade para um valor próximo ao custo do Bolsa Família em todo o Brasil.
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Soluções mais efetivas seriam uma reforma tributária e uma reforma previdenciária municipal. É possível aumentar o IPTU e o ITBI de forma progressiva, tributando mais os imóveis de maior de valor, e rever a tributação fixa do ISS (imposto sobre serviços) sobre autônomos. Não é justo que profissionais que ganhem milhões paguem o mesmo ISS do que os que ganham pouco.
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A despesa na seguridade social dos servidores é de cerca de R$ 10 bilhões e crescente, em benefício de uma minoria. Uma transferência de renda que custa o equivalente a quase 2 milhões de rendas básicas. Boa parte desse dinheiro deve se concentrar em bairros mais ricos, não na periferia.
Não é justo que uma cidade em que 3 milhões dependeram do auxílio continue permitindo que servidores se aposentem em média ao redor dos 50 anos com os maiores salários de suas carreiras (que foram estáveis, aliás).
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Boulos precisará escolher entre sua base de servidores e profissionais liberais ou a periferia da renda básica para realmente fazer diferença.