A última edição da revista Novos Estudos traz uma longa entrevista com Fernando Haddad, prefeito de São Paulo. Destaco este trecho:
Os temas urbanos começaram a ser objeto de estudos acadêmicos robustos, e a academia hoje é um suporte muito importante para prefeitos progressistas, como respaldo para decisões. Respaldo que você não encontra muitas vezes nos meios de comunicação, que acabam refletindo o senso comum. E o senso comum, no capítulo mobilidade, está invariavelmente errado. Não é intuitivo que você, diminuindo a velocidade, vai melhorar o trânsito; nem que, segregando faixa de ônibus, vai melhorar a mobilidade e não prejudicar o carro. Essas coisas são contraintuitivas, então, quando você tem os estudos disponíveis comprovando que esse é o caminho, isso dá um alento. De onde viria o respaldo para tomar esse tipo de decisão?
Essa valorização do conhecimento acadêmico em relação ao senso comum é uma marca de Haddad. Não é algo necessariamente positivo (muito menos negativo), até porque não raro a academia erra, mas é uma postura elogiável. E que, como tantas outras posturas elogiáveis (de diferentes atores, não apenas políticos), enfrenta resistências dentro do PT.
O Cebrap publicou um vídeo com a entrevista no YouTube. O trecho acima começa em 22:58.
Mais recentemente, Haddad participou do seminário “Economia Compartilhada no Setor de Transportes”, organizado pelo Centro de Política e Economia do Setor Público (Cepesp) da FGV-SP. O evento, que também está disponível no YouTube (parte 1, parte2), teve a participação de diversos economistas. Destaco as falas de Marcos Lisboa e Bernardo Guimarães, na primeira parte do seminário.
Não sei se há um “senso comum” sobre o assunto, mas a proposta da prefeitura para a regulação de serviços de transporte como o Uber foi bastante elogiada.